22.11.09

IMPRENSA

BIO REVISTA MUITO (JORNAL A TARDE) 15-08-2010
Matéria Jornal A TARDE 19-11-09








ESPECTADORES

"Quero lhe dizer o quanto me emocionei com seu espetáculo, delicado, profundo, alma à flor da pele! Fiquei muito honrada por ter recebido a coroa para reinar em minha própria vida! O amigo que levei como convidado saíu impressionado com sua técnica e força de presença! Felícia, eu lhe admiro muito e mais uma vez você me fez chorar com seu trabalho! PARABÉNS e OBRIGADA!" (Luíza Vianna, atriz e poetisa, a coroada da noite.)

Na foto: Demian, Luíza e Felícia.

"Recebemos de vocês um presente! Um espetáculo bem concebido, bem encenado (muito bem encenado) e que nos convida a nos conectarmos com nossos "eus", nossas memórias, nossas histórias..." (Clara Coelho, Colégio Miró.)

"Forte e lindo. Como transformar dor em um sol de alegria transfigurada. obrigado!" (Fábio)

"Entre outras coisas, um álbum de fotografia poético." (Carol Câmara)

"...sua Senhora do Rosário me levou a outro espaço-tempo mítico da cultura popular que está em todos nós...quer saibamos ou não. obrigado pelo espetáculo. (Jorge Tadeu Coelho)

"Inquietante, profundo, muito rico!" (Sandra Guimarães)

"...surpreendente, emocionante e profundo. Saio com vontade de abraçar todas as mulheres que estão em você." (Mirela Triart)

"É sempre bom ser lembrada (lembrar) do farol de sol, da flor da boca para o cabelo, transformação - fotossíntese.
Obrigada. Obrigada pela canção que me diz, é possível, as vozes, minhas vozes. lembrar, lembrar. Lindo! Parabéns!" (Elaine Cardim)

"Um festejo a Felícia de Castro, pelo espetáculo Rosário
O espetáculo quase que não tem texto. O texto é o corpo da atriz, e a voz dela. Mas a voz é o corpo, né!? Voz é vibração de corpo. O corpo tornado gemido, outras vezes sorriso, choro-canção, silêncio...

Tudo o que tento fazer com poesia ela faz com o corpo:

expressão livre de discursos. Livre de panfletos. A consciência não como gramática, mas como marcas e fluxos do corpo. Corpo-consciência. Gesto que incomoda e seduz por tão indizível que é. Por tão completo que é. Ato que força o público a fermentar as suas próprias sensações. Suas próprias idéias. E que os discursos sejam como o público: multifacetados.

Ali - no corpo da atriz - [entidade encarnada] todos os elencos se fazem desnecessários." (Robson Poeta Du Rap - postado em http://www.umrasgonotempo.blogspot.com/ )

"...ode às mulheres, a cara de uma atriz que representa a cara do teatro brasileiro. Saio daqui fascinado." (Fábio Nascimento)

"Arrepiante! Antropofágico e sensível. Questiona e emociona.
SE CA VEN TA NO MAR..." (Maíra de Lira)

"O espetáculo é lindo, leva a platéia às suas raízes de forma sutil, poética e encantadora. 'Buliu' com minha alma. Meu corpo queria dançar com todas as senhoras e acalentar a mocinha...Voltei para o sertão. Pisei em chão de barro e senti o vento de areia. Vi a moça de fartos seios contendos de água. água de lavar. água de maré. água de limpar a alma e fazer cada um rei de sua própria história." (Juliete Nascimento)

"Poesia, rosa vermelha, teatro, corpo, suor, raízes de um lugar aqui e não sei onde de tão longe perto! Obrigada pelas sensações e certeza de um trabalho sério merecedor de respeito e aplausos." (Karina de Faria - Cooperativa Baiana de Teatro)

"Sua voz me atravessou." (Agatha)

"me encantó! De esas obras que te hacen nosequé en el pecho.
Hay mucho canto y ritmo que sale de las entrañas, mujer tierra, mujer transformada y transformadora. Negritud, cultura brasileira, história contada fuera del tiempo. Con relativamente poco texto, dice mucho. El público es participante con risas, palmas y atentos silencios. Es el canto del cuerpo y el cuerpo del canto que encanta. Iluminacón bien diseñada, hace viajar por imágenes poderosas y sencillas, de esas que entran al corazón directo. Tierra, Viento, Fuego y Agua estan presentes." (Santiago Harris)
"Agradecimento



 O Projeto Levanta-te e anda tem a honra e alegria de agradecer a oportunidade oferecida a População em Situação de Rua em assistir pela primeira vez uma peça teatral e justamente um espetáculo que retrata as raízes africanas, resistência, lutas e alegria tendo como foco o feminino. Agradecemos por ser o pioneiro em alargar os espaços de cultura e cidadania para um público que está à margem da sociedade.  Nosso sincero agradecimento." (Gilcilene Ferreira Silva - Assistente Social)


"Eu não poderia deixar de assistir ao espetáculo que, diga-se de passagem, foi um espetáculo de fato. Eu ouvia bons cometários a respeito de Felícia mas, vê-la brilhar daquele jeito foi indescritível! Para mim, assim como para o João, o trabalho foi absorvido quase todo ele pela via sensorial e... tome-lhe sensação, e tome-lhe emoção, e tome-lhe surpresa... Cada detalhe foi fundamental: a iluminação, os desenhos que a areia no chão fazia, a trilha, a poesia, os quatro elementos da natureza... Achei engraçado que num determinado momento eu fiquei imaginando que ninguém poderia atuar daquele jeito, aquilo alí não poderia ser só atuação e quando ela comentou que esse trabalho é fruto da vivencia dela pelo mundo, então concluí que era ela mesmo quem estava alí, Felícia, linnnnnnnnnda mostrando para nós tudo que há dentro dela, num movimento muito mais sincero e profundo que a melhor atuação possível no mundo!" (samira Parcero)


"Fiquei muito tocada com Rosário... Esse é o teatro que gosto de ver, que me faz sentir, pulsar, pensar... Muito lindo, parabéns mesmo. Pra mim me tocou como força de apoderamento, independentemente de gênero, raça, nacionalidade... É restituir o homem de sua natureza divina. Relembrar, religar... Teatro sagrado." (Marianne Tezza)



“Porque o meu norte, é continuar a batalha daquelas que morreram lutando. Hoje canto as tristezas que foram aprisionadas e danço os xotes, baiões, maracatús, sambas de roda pisando firme, mirando cada direção.
Ando sobre o chão de asfalto que um dia foi barro e cultuo as raízes que tentaram arrancar... Faço do meu sangue que escorre todo mês, mais um motivo pra ir a guerra. Eu posso. Eu quero. Eu vou." (poema escrito por 
Yaiá Reis, aluna do CRIA (Centro de Referência Integral do Adolescente), após assitir Rosário, e recitada em um dos debates realizados nesta temporada)


"...ritualístico sim, abre o corpo, a cabeça e o coração o universo da memória de nosso povo, tão viva e mágica” (Danilo Araújo)


"Visceral, intenso, de uma profundidade que expõe os limites da loucura contida no processo criativo. A evocação dos arquétipos do feminino com tamanha força, revela a possibilidade de mergulhar numa volúpia que independe de ter útero." (Mário Aleluia)


"Faz tempo que não me emociono tanto. Estou feliz de vermelho-delicadeza!" (Paula Lice)


"Renovo minha fé e vontade de seguir lutando pela vida" (Inae)


"Então terminei assim, suspensa, no altar de tua cena" (Maria de Souza)


"Obrigada por ter feito parte do meu círculo de vida. Saio daqui não só com a pergunta 'quantos círculos já fez?', e sim Quantos círculos ainda quero fazer!"



"Gostei muito da peça! Felícia está muito bem e sustenta uma proposta difícil. O trabalho é denso e sutil. O movimento circular - como na capoeira, na ladainha - presente no texto, no uso do espaço, traz uma certa angústia, em alguns momentos.  Transformar a dor... Bordar os contornos do vazio... O trato com o feminino, com a história das mulheres negras... é lindo! Fiquei muito tocada.
Agradeço."
Marília Soares.


"Ao assistir Rosário eu vejo da voz nascer corpos... não que a voz seja anterior ao corpo ou não dialogue com esse corpo para surgir; existe sim um corpo, o de Felícia, que impulsiona essa 'primeira' voz. Essa voz pessoal, que aparece e desaparece de cena. Mas a voz da cena (ou vozes) ao ser emitida me parece fazer surgir corpos diferenciados, de forma cíclica, mas a cada movimento gera um outro corpo, surgidos do imaginário criado na pesquisa de campo. Esse imaginário é revelado em cena pelos corpos-ventos que suas vozes em Rosário libertam da terra. Acho isso muito forte em Rosário..." (Daniela Guimarães)










"Vi Rosário e é um belo exemplar de um teatro delicado, de uma boa conversa entre a atriz pesquisadora, diretor e todos os profissionais envolvidos. Uma conversa na frente da porta de uma casa numa cidade de interior: aconchegante, rica, comovente. E tudo embalado com cantigas e brincadeiras do nosso nordeste herdeiro de África e Ibéria. E ainda índios neste caldeirão, nesta bacia que é o sol e a coroa desta santa que porta um rosário, que deixa brotar o jardim pela boca. Parabéns a todos. Que Nossa Senhora do Rosário dos pretos nos dê o seu amor! Que a Felicidade possa entrar e acompanhar vocês sempre." (ADelice Souza)



ROSÁRIO ESTRÉIA 20 DE NOVEMBRO DE 2009

NOITE COROADA


Por entre os tambores que ecoaram no dia 20 de Novembro foi uma alegria a estréia do espetáculo. A platéia cheia, repleta de artistas, historiadores, sociólogos, amigos e familiares, encheu de calor a noite e emocionou-se com a apresentação. Após a festa no palco, a brincadeira continuou pelo foyer do ICBA com exibição de fotos e canções da pesquisa que resultou no espetáculo, comidinhas típicas como bolo de aimpim, beijú, café...e muitas rosas vermelhas! Uma noite coroada.


Na foto a equipe: Eduardo Albergaria (SP), Maurício Pedrosa (BA), Demian Reis (BA), Felícia (BA), Maiara Ribeiro (BA), Carolina Laranjeira (SP/BA), Rino Carvalho (BA), Vanessa Salles (BA) e Eduardo Ravi (CE).

8.11.09



FOTOS EDUARDO RAVI



1.11.09

PESQUISA

Mestra Margarida (foto Eduardo ravi)
Reisado Discípulos de Mestre Pedro (foto Nívea Uchoa)

" Boa Noite Todos! Eu tenho memória. Só vim agora porque foram me chamar" (Canção de Guerreiro cantada por Mestra Margarida - CE)


Conheci Mestra Margarida em 2005, no Cariri. Desde o primeiro momento, e até hoje,  me impressiona seu canto, sua força, o tesouro de canções antigas que carrega com ela, junto com isso, o estado de abandono em que se encontra, como tantos guardadores de saberes da cultura brasileira, como tantos brasileiros... No espetáculo canto algumas canções reveladas (ou compostas?) por ela e que são cantadas pelos grupos de reisado da região. Margarida inspira uma das figuras de Rosário.


Maria Margarida da Conceição trabalha com reisado há 61 anos, na ocupação de Mestre Guerreira. Margarida Guerreira, como é mais conhecida, descobriu aos oito anos que já tinha admiração pelas brincadeiras populares que vivenciara em sua infância em Alagoas. Com a chegada de sua família a Juazeiro do Norte, movida pela fé no Padre Cícero, Margarida se depara com várias manifestações populares. A partir desse momento se encanta. Pouco depois, funda o grupo “As Guerreiras de Joana D´arc”, reisado formado só por mulheres, três treme-terra, blocos de moças com espadas, que até hoje resiste pela sua força de cantar e dançar a arte do povo nordestino. Recebeu o título de Mestra da Cultura Tradicional Popular em 2004, pela Secretária de Cultura do Governo do Estado do Ceará. Em 2006 tornou-se patrona da praça de convivência do SESC Unidade Juazeiro, que passou a ser chamada Terreiro de Mestra Margarida.



PESQUISAS (Ou Andanças de uma Vida)

Almerinda Alves da Rocha (Minha AVó) – Negra de 93 anos, cujos avós foram escravos. Cresci admirando perplexa a força dessa matriarca que percorreu sozinha os recônditos do sertão lecionando e alfabetizando em minúsculos povoados, e ouvindo suas canções, rezas, e suas historias de ciganos, cangaceiros e viagens em carros de boi.

-Ilê Axé Opô Afonjá e Casa Branca (Terreiros, Salvador-BA, 1997) – convivência de um ano no terreiro tombado pelo patrimônio da humanidade, Ilê Axé Opô Afonjá, observando danças e toques, folhas, caracterizações e rituais, e também as lindas senhoras e seus saberes importantes. Marcou-me duas cerimônias especiais: As águas de Oxalá, e uma oferenda a Iemanjá feita em um barco na baía de todos os santos.

-Capoeira Angola - Integrante do Grupo Zimba, desde 2002, e pesquisando em outros grupos tradicionais de Salvador, me aprofundei nas questões relativas a oralidade e influência de matrizes africanas na gestualidade do corpo brasileiro.

-Comunidades remanescentes de Quilombos da Barra e Bananal – Marcantes pela beleza e pela pobreza, ressalta-se o sentimento forte de família, de pertencimento. Em poucos lugares se vê negros tão negros, lembram nossos ancestrais africanos. (Rio de Contas, BA, 2003).

-Missas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Salvador-BA, 2002-2006) – Além da bela igreja construída no século XVIII pela irmandade de nossa senhora do rosário dos homens pretos, a missa é experiência singular. Uma prática católica cheia de canções e tambores, e falas em línguas africanas, o auge do sincretismo. A chuva de pétalas de flor é dos acontecimentos que influencia diretamente a criação de uma das cenas do espetáculo.

Samba de Roda – pesquisa através de Vivência pessoal decorrente de parte da família ser de santo Amaro da Purificação e através da Programação paralela do VI Mercado Cultural (Salvador-BA), que reuniu Tradicionais Sambas de roda do Recôncavo, em extensa diversidade, sendo muitos deles desconhecidos.

Congos e Congadas de Minas Gerais –  (desde 2000) Associação Cachuêra! (SP) pesquisa de vídeos e livros e pesquisa pessoal através de livros e cds, com enfoque especial na comunidade dos Arturos, remanescente de quilombos e um dos congos mais representativos.

-Reisado dos Irmãos – Discípulos de Mestre Pedro (Reisado de Congo, Cariri, Juazeiro do Norte) – Pesquisa iniciada em 2005. Manifestação somente existente no vale do Cariri. Repleta de belas canções, danças de matriz claramente africana, luta de espadas, dramatizações e alta desenvoltura dos palhaços Mateus. Foi um grande e emocionante encontro, aprendi o ofício e hoje eu brinco também.

-Quilombo ou Quilombada – Encontro tradicional de reisados de congo nos dias 1 e seis de janeiro (Cariri, Juazeiro do Norte, CE, 2006) – Dramatização influenciada pelos quilombos de Alagoas (manifestação que remonta a guerra do quilombo dos Palmares, entre Índios, Negros e Portugueses).

-Procissões Religiosas  (Cariri, Juazeiro do Norte-CE, 2006)) –As procissões no juazeiro do norte, terra de padre Cícero são uma experiência incomum, e um momento de ver mesmo a cara do povo nordestino, e testemunhar perplexamente uma grande fé. Vê-se cruamente a dor se misturar com alegria, o grotesco com o sublime.

- Penitentes de Barbalha – Ritual de reza cantada em Dia de Finados (Cariri, Barbalha, CE, 2006) – Entrar em um pequeno cemitério todo de terra vermelha (onde as covas se diferenciavam pelos montinhos mais altos), repleto de flores do campo, e iluminado de um número de velas sem fim, já parecia estar adentrando um filme. Quando os senhores penitentes começaram a cantar, acompanhados das Incelenças (grupo de mulheres), aí tudo ficou de um surrealismo deslumbrante. Cantaram horas sem parar, levando todos a uma espécie de transe, com suas vozes belíssimas, de uma diversidade de tons que formavam uma harmonia perfeita. Bela festa para louvar os mortos.

-Rodas de Sambas Tradicionais (Itapoã, Salvador, BA, 2006-2007)
- figuras ilustres representantes do samba, compositores tradicionais (como ‘seu Reginaldo’, um dos únicos compositores vivos) e músicos convivem e revivem o verdadeiro samba. Destaque para Dona Cabocla, senhora cujo canto e figura inspira diretamente o espetáculo.

-Palco da Tradição (Congadas, Reisados de Caretas, Reisados de Congo, Reisados de Couro, Maneiro-pau, Guerreiros, Lapinhas, Bandas Cabaçais) Documentação videografica de todas as manifestações (Mostra SESC Cariri de Cultura, Crato, CE, 2006) – uma semana intensa, oportunidade única de assistir e pesquisar diversos reisados, de diversos tipos (de congo, de caretas, de couro), bandas cabaçais de várias localidades do cariri, e outras manifestações da região. Foi uma oportunidade também de conhecer e conversar com os mestres e brincantes.

-Torés com Índios Cariris (Palmeiras-BA, 2007) e Côco da Praia do Iguape (Iguape, CE, 2007)
Dançar junto com eles, além do grande aprendizado, é uma vivência forte que faz absorver a manifestação e a cultura sob vários aspectos: saberes, sentimentos, sentidos ocultos, ritualidades, arquétipos.

-Vivência com o grupo de pesquisa de manifestações populares nordestinas “Fulô da Aurora” (Ceará, 2005-2007) – Desde que passei a transitar entre a Bahia e o Ceará, convivo com os integrantes desse grupo, também artistas-pesquisadores e brincantes apaixonados como eu. É um aprendizado constante com pessoas tão comprometidas com a cultura popular: aprendizado de respeito, dos sentidos da brincadeira, dos toques, ritmos, danças e saberes, principalmente do Reisado de Congo e da Banda Cabaçal.

-MIS (Museu de Imagem e Som/CE) , Associação Cachuêra! (SP), VI Mercado Cultural, Salvador-BA, 2005, IRDEB (Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia) (-pesquisa de vídeos sobre as manifestações populares do estado da Bahia: Bumba meu Boi, Burrinhas, Caretas, Zambiapunga, Cantos de Trabalho;)

PERCPAN - Panoramas Percussivos Mundiais, Salvador-BA, 1996-2000 –( destaque para pesquisa dos grupos Africanos “Tambores do Burundi” e “Pigmeus Aka.)