23.3.13

Palavras de Ceronha Pontes que me deixaram sem palavras. Que sigamos sendo passagem.


ROSÁRIO


Pois bem...
Eu tava mais cansada da superfície do que supunha, quando fui ver esta moça no teatro ontem. A gente vai ficando anestesiada com esse teatrinho facinho, morto de preguiça da Humanidade. Ai do entretenimentozinho, meu São Genésio! Quero mais não, esse teatro "engov".
Felícia de Castro, ao contrário, não tem medo de causar enjôos, vertigens... Tem o poder de fazer o chão se abrir, dando passagem para a ancestralidade.
Mulher negra dos incríveis cafundós baianos que, ao mergulhar na própria raça, ao se enfiar no próprio chão, diz de todas as raças. Não nos poupa de nossa pequeneza, ao mesmo tempo que acende um fogaréu medonho, jogando luz na imensidão à qual estamos conectados.
Em ROSÁRIO a beleza é tanta, que comporta toda a feiura.
É sobre gente que massacra gente, é sobre fé, é sobre o sertão, é sobre a mulher do sertão, é sobre o sagrado, é sobre a avó de Felícia, é sobre mim, é sobre você, é sobre o alecrim, o manjericão, a azaleia, o jasmim...

ROSÁRIO, no Teatro Glauce Rocha/Rio de Janeiro, só até domingo, sempre às 19h.
Nesse mesmo Teatro onde há uma semana vibrava minha Camille Claudel. E amanhã, lá, sempre lá, sob as bençãos de Glauce, Felícia e eu estaremos recebendo para uma conversa sobre o feminino na arte, de 14:30 às 17:30.

Bem- vindos todos!

Ceronha Pontes

(originalmente publicado no blog http://ceronhapontes.blogspot.com.br/)

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